1 ano com um apartamento próprio: o que aprendi?
Em novembro de 2015, estarão completos 1 ano da compra do meu apartamento. Durante esse período, aprendi muitas coisas boas e ruins sobre ter um apartamento próprio. Foram estresses, mas também alegrias. No fim, pesados todos os prós e contras, acabei relaxando e passando a aproveitar meu apartamento, que ainda está se tornando um lar. Espero que, compartilhando minha experiência, eu ajude outras pessoas que estão planejando comprar um imóvel próprio, e prepare-as melhor para as coisas boas e problemas da casa própria.
Você não pode apressar um apartamento
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Quero dizer isso de duas maneiras. Em primeiro lugar, o processo de compra de um imóvel é longo. Foram dois anos pesquisando, comparando imóveis, lidando com corretores arrogantes, vendedores não dispostos a negociar. Isso tudo em uma época onde houve alta nos preços dos imóveis, que dificultou bastante encontrar preços dentro do que eu estava disposto a pagar. Corretor de imóveis de qualidade escolhido, imobiliária escolhida, minha pressa em finalizar a compra do apartamento que eu queria, na hora de escolher o despachante, deixei que a imobiliária indicasse um. O problema disso? Ele “esqueceu” de verificar se o imóvel estava regular na prefeitura. E eu agora estou há, mais ou menos, 6 meses tentando regularizar o imóvel na prefeitura.
Além disso, depois de assumir o imóvel, descobri que reformas para ele deixar do meu jeito leva tempo, custa muito dinheiro, e demanda cuidado. Correr com as reformas vai deixar seu apartamento ou casa com acabamento ruim e irá arruinar o seu orçamento e conta poupança. Sem fazer um planejamento de reforma, acabei gastando mais do que deveria, em serviços que terão de ser refeitos. Também, tive problemas com o pedreiro que fez alguns reparos emergenciais, e não terminou, pois simplesmente sumiu. Resolvi também que eu iria assumir os reparos necessários.
Se eu tivesse planejado melhor, teria evitado algumas dores de cabeça, e elaborado as etapas da reforma melhor. O que me leva ao próximo aprendizado.
O engenheiro que inspeciona o imóvel para o financiamento não sabe nada
Foi só chover. Todo o espaço da cobertura ficava molhado por goteiras e pela chuva. Fora que o telhado estava todo enferrujado, com um sério risco estrutural. Tive que trocar todo o telhado. Depois, ainda descobri que os azulejos estavam ocos, o contrapiso todo da cobertura estava solto, infiltrações estavam acontecendo. Nada disso estava no relatório da engenheira que fez a avaliação do imóvel para aprovar o financiamento. Quando acionei o seguro, tudo foi colocado como “pré existente”, e nada corrigido. Fora o chuveiro, que teve infiltração, uma torneira que estava só “encaixada” no cano. Seria melhor ter chamado um engenheiro particular para fazer uma análise e relatório, para conseguir um desconto maior no imóvel para as reformas necessárias. Ah, e ainda tem a rede elétrica nada econômica do condomínio, que precisa ser atualizada, pois já tem quase 50 anos.
A burocracia para comprar um imóvel é grande
Eu acho que nunca vi tanto papel junto. Foram cópias, registros em cartório, mudanças de titularidade em escritura, assinaturas, contratos, abertura de conta, mudança de titularidade no IPTU. Só esse processo foi mais de dois meses. Não obstante, ainda tive que fazer um pedido de alvará para obra, visitas à prefeitura e fiscalização para saber o que estava irregular no imóvel, visita ao arquivo da prefeitura para tirar cópia do projeto do imóvel. Um ano lidando com papéis, e ainda não acabou.
Você não pode escolher seu síndico (mas pode se tornar um)
Só depois que passei a morar no imóvel eu descobri que o antigo síndico não teve planejamento financeiro algum para o condomínio. Dinheiro foi gasto com advogados para defender o condomínio de um processo, sem planejar uma ação de cobrança do condômino que processou o condomínio. A caixa d’água do condomínio não era limpa há, pelo menos, 15 anos (informações de uma moradora do prédio). O prédio não tem um plano de combate à incêndio, e escadas, extintores, e portões não estão de acordo com as normas da ABNT para segurança de um prédio. Junte isso com o projeto original do condomínio que, por não ter sido atualizado, deixa 6 apartamentos irregulares (projeto original diferente do projeto executado), além da fachada do condomínio estar também irregular.
Insatisfeito com o síndico, que não esteve disposto a atender meus pedidos, me candidatei e fui eleito síndico, e fiz junto à administradora o começo de um planejamento financeiro para o condomínio, de forma a conseguir fazer reformas e reparos necessários para o prédio. Vai ser um processo lento, mas o resultado já está sendo colhido por todos.
Você não pode escolher seus vizinhos e você precisa conhecer seu bairro
A maioria dos meus vizinhos são boas pessoas, abertas ao diálogo. Tive um problema com um vizinho, mas que foi devidamente resolvido através do diálogo. Porém, depois de comprar o imóvel que descobri uma condômina um tanto problemática, que processou o condomínio sem motivo, resultando em custos para todos os moradores. Outros, são um tanto irredutíveis algumas posições, o que dificulta na hora de aprovação de alguns reparos e obras necessárias para o imóvel (muitos moradores são idosos).
Outro problema foi o bairro. Descobri que quando chove, tem uma rua próxima em que desce um rio de água, literalmente. Como só tenho moto, já quase fiquei ilhado por conta disso. Não vi violência, só teve um assalto do qual fiquei sabendo no bairro. O trânsito é um pouco complicado em horários de pico mas, fora isso, é muito fácil entrar e sair do bairro. Peca, porém, na qualidade do asfalto, que está muito danificado.
O vídeo abaixo mostra um pouco do que pode acontecer com seu apartamento.
A qualidade do seu imóvel muda com as estações
Quando faz calor, o prédio fica muito quente. Quando faz frio, o prédio fica muito frio. Quando chove, fica tudo úmido. Quando faz sol, fica tudo muito seco. Parece meio óbvio, mas isso muda, e muito, a sua experiência com o imóvel. As coisas ficaram melhores depois da troca do telhado, mas ainda são necessárias algumas mudanças antes da vivência com o imóvel seja mais ou menos a mesma durante todas as estações do ano.
Manutenção é necessária e custa um bom dinheiro
E mais frequente do que você imagina. Principalmente para imóveis usados, você vai descobrir que tem estruturas que nunca acharia possível estragarem. Outro problema, principalmente para apartamentos, é que algumas reformas e reparos dependem de todos os moradores, como mudanças na fachada, em corredores, sistemas de segurança, modernização do sistema de interfones, entre outros. É incrível e surpreendente quantas são as pessoas que não enxergam os “gastos” no prédio como investimento, e esquecem que se o condomínio não receber manutenção preventiva e corretiva, ele simplesmente sumirá. Mas vai dar tudo certo.
Considerações Finais
Estas foram algumas das coisas que aprendi com um ano de imóvel próprio. Os custos gerais com o financiamento e reparo ainda estão altos, mas o planejamento era realmente esse. Espero que daqui a alguns meses, as coisas melhorem mais. No financiamento, serão uns 5 anos ainda com o orçamento apertado. Tenham certeza que voltarei aqui para contar para vocês como foi.
Você aprendeu algo surpreendente no processo de compra do seu imóvel? O que você aprendeu? Como está sendo a experiência?
Sobre o autor
A mãe de André sempre gostou de fazer reformas na casa que tem em um sítio. André aprendeu com ela, e quando comprou seu apartamento, começou a projetar, reformar, e adaptar diversas coisas que não gostava. Como síndico do prédio, convenceu os moradores a trocar a rede elétrica da década de 70, trocar os extintores por modelos mais seguros, e adaptar as escadas do prédio com corrimões mais seguros. Hoje está com um projeto de um imóvel na zona rural, compartilhando no site 2 Quartos tudo que vai aprendendo sobre reformas, construção, e mercado imobiliário.
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